segunda-feira, maio 28, 2007

Mau exemplo

There's nothing i could say to make you try to feel ok
And nothing you could do to stop me feeling the way i do
And if the chance should happen that i never see you again
Just remember that i'll always love you

I'd be a better person on the other side i'm sure
You'd find a way to help yourself
And find another door
To shrug off minor incidents
And Make us both feel proud
I'd just wish i could be there to see you through

You always were the one to make us stand out in a crowd
Though every once upon a while your head was in a cloud
There's nothing you could never do to ever let me down
And remember that ill always love you





Estava sentada em frente ao teclado preto, de luto e hirta, ainda dormente. Escreveu tudo o que queria contar e de repente, como por magia, no écran as letras, as centenas de caracteres, desapareceram. Tinha acabado de perder os leitores e decidira que não tinha nada que não pudesse ser dito. Aparentemente, existem coisas que não podem ser ditas. Coisas simples, como o facto de ela só sentir falta de reconhecimento. Ser invisível não é fácil. É mais fácil viver no limbo.
As palavras não queriam que estivesse escrita a verdade: que ela era demasiado exigente, insistente, insegura. Neurótica e com uns laivos de loucura a raiar o exagero. As cenas que fazia, as palavras azedas, os pedidos de carinho. Tudo isso era demasiado continuo para ser suportado por qualquer pessoa. As palavras conheciam-na bem e tentaram defendê-la.
Mas ela não precisa de defesa. Vai colocar a capa de super mulher, e fazer-se transportar numa nuvem que a fará deslizar como se não estivesse ninguém lá dentro. Terá um invólucro a protegê-la até se sentir segura para sair. Não fará mais pedidos. Esse é um direito que ela sabia que não lhe assistia, e só tinha que aceitar as condições.
Planeou destruir os hipocampos. Os dois. Primeiro o esquerdo, devagar, muito devagar, para se ir esquecendo de sons, sítios, cheiros. Depois o direito. Para se esquecer do toque, do prazer, da pele, das conversas, da respiração. Da sensação que era estarem juntos.
Vai fazê-lo pacificamente, serenamente, como se não fosse ela a perder a memória de tantas emoções, tantas noites, tantas coisas que as letras não permitem escrever. Recusam-se a juntar-se, estas letras. Não querem partilhar com ninguém o que ela lhes contou. Querem ter esse privilégio: serem as únicas a saber das estradas, das áreas de serviço, das ruas, das gotas de suor, das noites passadas a ouvir histórias, a sorrir por dentro, a tremer e a estremecer de prazer. Só elas querem lembrar-se das paralisias faciais, das costas, das vigílias do sono.
Quando os dois hipocampos estiverem mortos, sem sangue, nem células, nem vida possível, são as palavras as únicas a lembrar-se.
Não querem contar dos massacres que ela realizava, bombardeamentos de mensagens, chamadas telefónicas, tentativas de encontros, pedidos histéricos de mais um bocadinho... Só mais um bocadinho de pele, de olhos, de sono. Só mais um beijo. (podia sempre ser o último e ela nunca saberia. ela não podia escolher e aceitava com muito prazer o tempo que ele lhe podia disponibilizar. mesmo antes de saber que ele estava demasiado entranhado na pele dela)

Ela viveu intensamente o tempo que vai esquecer, porque a qualquer instante esperava que fosse o último minuto. Aproveitava todos os segundos, os milésimos de segundo, mesmo quando só o achava simpático e bom amante. Muito bom amante.
Quando ainda não tinha coragem para lhe dizer que era lindo! Quando gostava dele de outra maneira. Quando não lhe fazia exigências. Nem incomodava com mensagens a pedir para ir ter com ela. (três num ano...)
Vivia cada milésimo de segundo e recorda-se de todos.
As palavras estão a tentar não sair das teclas mais uma vez. Não percebem que se podem juntar como ela quiser, que não têm que pensar em defender ou proteger nenhum leitor. Que nada vai prejudicar quem leia estas letras, porque já não existem leitores.
Agora são as palavras e ela.
Agora não interessam os secretismos, as invenções de hotéis, jardins, ou estradas. Podem fantasiar aventuras nocturnas e planos que nunca se concretizaram. Aquelas coisas simples que de vez em quando se sugeriam e que eram sempre impossíveis de realizar. Nada que a aproximasse demasiado da sua vida pessoal, para ela não ter expectativas, nem demasiadas ligações. Apesar de ser só um affair liberal , mentia-lhe várias vezes e acusava-a de leviandade e promiscuidade. O que era muito pouco, se ele tivesse a coragem de lhe dizer mesmo o que achava dela... Porque podem-se levar mulheres para casa sem ninguém saber, não prejudica a reputação e o bom nome, mas não se pode sair com amigos diferentes e acabar as noites todas sozinha, porque isso faria dela uma pessoa inadequada para estar perto dele.

Sexo é sexo. Não existem compromissos. Estava bem definido. Mas ela era uma leviana... Andava acompanhada na rua por amigos do sexo oposto... Era inadmissível! Só os podia levar para casa, mas muito discretamente. Isso era permitido. Agora ir sozinha? Ela ficava confusa. Talvez por ele achar que ela era acéfala. Várias vezes ela sentia o cérebro escorrer pelo couro cabeludo, numa massa liquefeita com uma cor esverdeada, mas sempre pensou que iam ficando lá uns restos. Ele diz que não.
Agora tem menos um órgão vital.
Não sente o coração.
De battre, son coeur s'est arrêté.

Não vai saber para quem é o presente que tem dentro do armário, e que estava guardado para um desses dias em que eles ficavam sozinhos e eram tão especiais. (agora já tem dúvidas também. Seria só a imaginação dela? mas acéfala? será que os acéfalos tem a capacidade de usar a imaginação?)
( será que sentem? que têm direito a ser alguma coisa? decidir? escolher?)
Vai escrever num post-it gigante os sítios onde não pode voltar a ir e colá-lo no espelho para não ter que ver os olhos baços enquanto se penteia... Vai evitar ruas e rios e vistas para o castelo ou para a cidade. Vai frequentar sítios indecorosos onde não o possa encontrar só para não o constranger.
De uma coisa tem a certeza: não vai encontrar nada que possa superar tudo o que fizeram juntos, mesmo quando ele nunca tinha tempo, e estava com as outras mulheres, ou com os amigos, ou a fugir dela. Sempre a fugir.
Todas as palavras juntas e devidamente ensaiadas e treinadas não conseguiriam transmitir todas as emoções: a música, o Carnaval, as conversas, as histórias, as loucuras, as aventuras, o toque, o cheiro, o que ela sentia, ou queria sentir.
Ela não conseguiu substituí-lo antes, e agora também não vai ser possível encontrar melhor.
Mesmo que exista alguém que a elogie (ele nunca o fazia), ou que a incentive (ele era muito pouco dado a incentivos), ou que lhe acaricie os cabelos.
Ela dava, ele aceitava. Ela dava, ele aceitava.
Ela gostava. Ele... Ela não sabe.
Agora que pensa nisso, sabe que não era importante. Ela sentia-se feliz, mas ele, ele
tinha mulheres mais bonitas e talvez também algumas menos bonitas do que ela sempre que não estavam juntos que o podiam fazer sentir quase tão bem quanto ela. Mas ela sabia que o tratava mal. Sempre o tratou mal.

Agora que reflecte, tem dúvidas. Tem muitas dúvidas. Os homens fingem mais que as mulheres.

Destruir os hipocampos! Urgente. É urgente começar.
O processo tem que ser rápido. Mais rápido do que o previsto. Quer esquecer que ele lhe faz chegar palavras mais ofensivas que o facto de ela ter medo que ele tirasse a carteira do bolso e lhe metesse na mão uma ou duas notas, antes de sair do quarto...

Esquecer que tremia só de imaginar que isso poderia vir a acontecer.

Continua serena e pouco mudou. Tem vontade de descrever todas as coisas boas que ele sem saber lhe deu. Não existe raiva nem nenhum sentimento violento. Vai existir saudade. Talvez sinta um vazio algures no sítio que tinha reservado para o sorriso que lhe dedicava quando pensava nele.
Pode confirmar a suspeita que existia em relação ao fim. Não se despediram. Ele é moderno e decidiu tudo no talk do google. Assim não precisa de ganhar coragem para lhe falar olhos nos olhos. Não se esforça, nem tem que a ouvir nem que seja por educação. Tem que sair com urgência. As ligações são péssimas e estão sempre a cair. Pode-se escolher o método mais apropriado. Não se liga a internet e está tudo muito bem.
Adeus, tenho que desligar. Adeus, adeus. (não tenho coragem para falar, queria ele dizer)

Interessa é não ter que a encontrar para dar justificações. Ela sabe que ele lhe diria que não a quer magoar. (como se ele fizesse ideia do que é sofrer...) Coitadinha e isso...Deve ter razão, pensa ela. Não poderá ser alguém acéfalo a saber o que será melhor.
Ela sempre o achou muito inteligente. Era também por isso que gostava dele. Porque mesmo leviana, ela era muito selectiva. Além disso, ele era especial. Era diferente dos homens que a rodeavam. Era especial. Era único e especial.

Continua a mesma. Só com menos leitores e com mais uma cicatriz que não se lembra de como foi feita.
Continua sentada em frente ao teclado preto e sabe que não vai voltar a ouvir nenhuma história, nem música, nem a sentir o cheiro nem a pele.
Senta-se direita e respira. Admite que o torturava demasiado e até lhe pediu uma vez para o ver a fazer o que ele faz para viver. Sim. Abusou e não podia ter feito isso. Era o acordo. Não se intrometer, fingir-se de morta.
Continua a mesma. sentada na cadeira preta, em frente ao teclado preto.
Luto. Depois de dois ou três dos melhores dias que ela teve neste tempo todo com ele. Mesmo sem presença física.
Mas é um mau exemplo, ela.
E tem uma cicatriz disforme que não se recorda de como a fez.
Ela é um mau exemplo.


Ele era único e especial. Ela era só um mau exemplo. Uma coisa acéfala e sem pudor. Um mau exemplo.

Bill is Dead

...


He just doesn't know yet...

domingo, maio 27, 2007

O lugar dela


O lugar dela não é na cozinha, como todas as outras mulheres.
O lugar dela é numa pensão com vista para o rio.






No escuro da noite, no nevoeiro da madrugada.
De gabardina castanha e chapéu de chuva.

Tempo

Não houve tempo para qualquer explicação. Estavam ambos tensos, pouco à vontade, e não se olhavam nos olhos.
De resto, quando se caminha lado a lado, não se pode olhar nos olhos.
Da coisa mais importante nenhum tinha falado.
E assim continuaram.



Tinha decidido deixar as substâncias ilícitas, mas naquele dia esqueceu-se dos efeitos. Voltou a ter 16 anos. A estupidez entranhou-se.

sábado, maio 26, 2007

Ser clarividente é muito bom.
Ser um incómodo é como uma doença.

sexta-feira, maio 25, 2007

Me & Me, again

Descontraída? escorregadia?
REBELDE? Diz-me como devo ser.

Mas não esperes que te oiça...


Vês aquilo que eu Quero que vejas!

quarta-feira, maio 23, 2007

FYY

Selvagem, Snob, Arrogante, disponível?
Achas que me conheces?


Estás enganado!


...

FYY

Selvagem, Snob, Arrogante, disponível?
Achas que me conheces?


Estás enganado!


...

terça-feira, maio 22, 2007

Direcção

Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável.

Fingimento

"O Homem deprava-se quando tem no coração um pensamento que é obrigado a dissimular constantemente"

???

Be pacient, my friend...

O mundo é dos pacientes. Eles são os que livres da ansiedade, conseguem saborear cada estágio e cada fase de aprendizagem e crescimento.
Nunca saberemos demais.


Bolas! E eu que tenho tanto para aprender....

Me & Me

Ingénua?
Sim, às vezes...

Mas atrevida e CONFUSA também.

E DEPOIS?

sexta-feira, maio 18, 2007

Aborto sem tino revisited

Se vamos falar de erros e de vontade de voltar atrás e de recordações amargas, é para aqui que me mudo.
Para o canto onde despejo os restos. As frustrações.
Como quando estou deitada na cama, quieta, como um trapo, com a pele esquartejada, e a repetição é uma verdade da natureza plana que se forma quando uma nuvem dá origem a outra no céu.


''Não há nada dentro de mim, doutor...''
''Ele deixou espaço dentro de mim e faz escuro lá dentro, doutor...''
''Estou a morrer, não é, doutor?''

''Não, menina, você está só a abortar as ilusões''

Foi uma gravidez utópica.
não devia ser tópica? a gravidez? não devia ser na alma? como é que se aborta a alma?

Cospe-se sangue até sair tudo? Deitam-se as pessoas numa cama até sair tudo? Ignora-se a alma? Finge-se mais um bocadinho?
Finge-se mais um bocadinho e continua a andar.

Siga a marinha!

segunda-feira, maio 14, 2007

E se fizesses de mim a tua boneca?








Insuflável!

domingo, maio 13, 2007

Hoje vou-me deitar assim:

sábado, maio 12, 2007

agora que me deito em vão







É quando me vem, sorrateiro, um misto de saudade e calor, ausência e desejo, tristeza e vontade. É quando busco um abraço que não existe. É quando rendo minhas defesas tão racionais e dou um grito mudo sem um nome. É quando não quero mais acordar amanhã. É quando não choro, pois é tão grande o desatino que não estou aqui, apenas sinto a dor de não sentir. É quando luto com a necessidade de partir. É quando suspiro o suspiro mais fundo — muito mais fundo que o fundo dos olhos, que o peito, que o mundo — para tentar acalmar o que é puro e incandescente sentimento.
É quando me deito em vão.

quinta-feira, maio 10, 2007

Clarividência

Aquilo que não se diz não deixa por isso de existir, e tudo o que é se adivinha.

segunda-feira, maio 07, 2007

Again and again, and again

-Vira-te!

-Viro-me?
-É o meu 6º sentido... Pareceu-me ter-te ouvido pedir...
- Ah... Sim... Tens o ouvido muito apurado. Manda lá outra vez...

...


- Vira-te!


sábado, maio 05, 2007

A Insustentável Beleza da Dor da Aceitação do Amor Não Correspondido




O que nos resta senão a imaginação?
Muito pouco. A leitura, talvez:



PARA SEMPRE:

«(...)Perguntas-me se estarás
para sempre ali, e eu digo: não estarei para sempre.»

(Fiama Hasse Pais Brandão, in "Epístolas e Memorandos", Relógio d'Água, 1996.)

terça-feira, maio 01, 2007

Ela


Era uma mulher boa e jamais se queixou da sua sorte.







Ou entao era mesmo burra!



Ata-me

Prende-me as mãos

Os meus dedos cravam-se com unhas afiadas Em toda a força na tua carne
Cala os meus gritos com um beijo E inflama a minha raiva.

Com lágrimas de ódio te peço Que me ames,
De faca em punho A minha ameaça não é mais
Que um pedido de abrigo.

Ata-me o corpo
Não deixes que a minha revolta me vença Beija-me à força se preciso for
E morde os meus lábios
Até que a dor se misture em sangue e em prazer.
Cega os meus olhos e Tapa os meus ouvidos
Não há nada que eu mais queira Que dedicar a ti todos os meus sentidos.

Deita-me ata-me

segunda-feira, abril 30, 2007

Vade Mecum






(Vem comigo)

sexta-feira, abril 27, 2007

A imolação

O grande hábito que tinham um do outro, as variadas circunstâncias que juntos haviam percorrido ligavam a cada palavra, quase a cada gesto, recordações que os projectavam de repente no passado e os enchiam duma involuntária ternura, como clarões que atravessam a noite sem a dissipar.
Viviam, por assim dizer, numa espécie de memória do coração, suficientemente poderosa para que a ideia da separação fosse dolorosa, mas não tão forte, porém, que descobrissem a felicidade na sua união.
Ela entregava-se a essas emoções para se poupar à habitual crispação. Gostaria de lhe poder dar testemunhos de ternura que o contentassem; reatava algumas vezes com ele, a linguagem do amor. Essas folhas pálidas e descoloridas que, como um resto de vegetação fúnebre, crescem lentamente nos ramos de uma árvore desenraizada.

quarta-feira, abril 25, 2007

Uma Ideia Simples



Dia de Liberdade!
Não sou capaz de pensar que não seja grandioso. De fazer nada que não seja para desafiar o desejo...

terça-feira, abril 24, 2007

Cala-te e ouve!

segunda-feira, abril 23, 2007

Hoje vou-me deitar assim:





Os nossos olhares voltariam a ancorar alguns anos volvidos e nós ainda prisioneiros do impossível. Rimos impavidamente emocionados, no meio daqueles cujos destinos abraçámos... E tu ainda pudeste ciciar-me, numa curva inesperada do tempo dos olhares:
Sabes, eu nunca consegui esquecer-te...

domingo, abril 22, 2007

I'VE SEEN THIS HAPPENING IN OTHER PEOPLE'S LIVES AND NOW IT'S HAPPENING IN MINE

Ele chegou e cumprimentou-a com dois beijos na cara.

Entrou...

Na altura de se ir embora, despediu-se dela com um beijo na boca.

Saiu...

Precisas de mais? Isto é amor...

sexta-feira, abril 20, 2007

Denomidador comum



Abraça-me com força para que eu me sinta
prisioneira.
Despe-me rapidamente
para me impedir de reagir e
dá-me ordens como:


"Vira-te!"
A nossa moral sexual repousa na beleza, na vida e na natureza. Para chegar a propagar esta ética, será necessário extirpar os preconceitos enraizados após dois mil anos de colonização mental.

Trata-se de um trabalho de reeducação, de uma permuta de valores.

quarta-feira, abril 18, 2007

A especialização

Tornei-me perita em perseguir duas ideias ao mesmo tempo, ouço-me falar, sou de facto eu, mas tão amputada pela ausência que mal me conheço.

terça-feira, abril 17, 2007

satisfaction



Ou




You decide!

segunda-feira, abril 16, 2007

Through Being Cool




A cobardia devia ser punida com algo violento e marcante.


domingo, abril 15, 2007

Quase uma doença

Esse espírito livre, esse libertino, essa pessoa sem moral na vida privada, sabe onde está o mal e sonha com a salvação. Como se o pecado original existisse...
Dessa não existência resulta uma lucidez feroz que o envenena.

Ai sim?

Não trocem os ridículos, o germe de todos os vícios.
A vontade de rir foi substituída pelo desprezo, e o desprezo é silencioso.

O palco

Quase sempre, para conseguirmos
viver em paz connosco,
mascaramos de cálculos e de sistemas as

nossas impotências ou fraquezas: isso satisfaz
aquela nossa parte que é, por assim
dizer, espectadora da outra.

sábado, abril 14, 2007

Amoral? Qual moral?

Os tolos fazem da moral um bloco compacto e indivisível para que se misture o menos possível com as suas acções e os deixe assim livres em todos os pormenores.

sexta-feira, abril 13, 2007





"Há na esperança alguma coisa de duvidoso"





quinta-feira, abril 12, 2007

Estamos lindos,estamos...






MEDO!

quarta-feira, abril 11, 2007

A fealdade e a alma

Os únicos horizontes que os seus olhos viam eram ainda a fotografia. A imagem tornava-se agora mais impressiva do que na realidade retratada. Tratava-se do rosto de um homem cuja fealdade provinha não dos traços fisionómicos, mas da alma.

terça-feira, abril 10, 2007

...

sexta-feira, abril 06, 2007

E ninguém me tinha avisado?

Anónimo said...

O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 19 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro turco do Google.

Não tem nada de Mal...abraços






Ora bolas!

E o que é que tenho a ver com isso?, ou, Olha que Chatice!

Orkut - Denunciaram seu PROFILE
Trash
Add star
accounts-noreply@google.com
Fri, Apr 6, 2007 at 12:25 AM
To: ossadas@gmail.com
Cc: accounts-noreply@google.com
Reply | Reply to all | Forward | Print | Show original

Fomos notificados sobre, denucias graves em seu profile, algumas delas como PEDOFILIA.
Voce, tem 2 dias uteis para entrar e abrir o link abaixo para cancelar o pedido de

cancelamento do seu orkut.



Para cancelar o pedido, clique no link abaixo
logo em seguida va em abrir ou executar: http://www.orkut.com/problems/RP?c=2672970687388433803&hl=pt_BR

Se voce clicar no link acima e ele nao funcionar, copie e cole o URL em uma nova
janela do navegador. Obrigado por usar o Orkut.

Em caso de duvidas ou preocupacoes em relacao a sua conta, visite as Perguntas
frequentes (FAQs) do Google no endere :
http://www.google.com/help/faq_accounts.html

Obs.: Esse correio e apenas para envio de mensagens. As respostas para essa mensagem
nao serao monitoradas nem respondidas.




Agora digam-me: quem é que tem uma coisa que se chama Orkut?
Moi? A depravada-Mor?
Por favor, senhores!
Get a life!

E os meninos até agora têm todos mais de dezoito anos. Dizem eles, que eu para ver Bilhetes de Identidade, não tenho paciência.

quarta-feira, abril 04, 2007

Estremecimento

Os meses, os anos passam, as estações regressam. Eis uma nova Primavera.
No ar imóvel ela atinge-me em rajadas. Dá-me e tira-me força e esperança. Subtil ou pesada, insinua-se atá à medula dos ossos.
Sim, o animal está bem vivo, ele sabe, ele está certo. A minha razão anota as relações de causa e efeito, mas não pode impedir-me de estremecer.

segunda-feira, abril 02, 2007

Um vídeo muito mau...

No lugar certo!





Desculpem a qualidade...


.........

domingo, abril 01, 2007

Um só não é suficiente...






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domingo, março 25, 2007

O esquecimento


Há um extremo do desejo que se confunde com o ódio.
Estava ali sentada com as suas novas amigas e distraiu-se. Ou teria observado e acompanhado estupefacta, a transformação dele, que observava as três mulheres com uma expressão de menino
abandonado. Só, perigosamente só.
Viu-as a darem comida na boca umas às outras, meter o dedo no leite-creme e oferecerem-no à recém chegada, que o saboreava lentamente, abrindo e fechando a boca com um ruído de beijos. O creme espesso fundia-se nas comissuras dos lábios até não ser mais do que saliva.
E ele?
Quem era ele, então; isolado na sua dureza, prisioneiro da sua máscara azul? Ninguém?
A resposta saltava á vista: FOI ESQUECIDO.

sábado, março 24, 2007

O final

A vida é assim mesmo: tem saltos, contrastes, mudanças bruscas, repetições.
Estava habituada a esperar pelos três golpes!
O primeiro golpe fere.
Ao segundo, perguntamo-nos para quê passar pelo mesmo, se para avaliarmos o que suportamos já bastou o primeiro. E ao terceiro golpe, por mais terrível que seja, ficamos apalermados, quase felizes, sem perguntarmos mais nada, e pomos de lado a vida que se serve de nós porque precisa de repetir-se mil vezes antes acertar com o final.

Foi obra do diabo...


Luchino Visconti

Toro mata








-Hoje, até levantavas um morto!
- Os mortos não ressuscitam. Enterram-se e pronto.



A ouvir Susana Baca (obrigada Mil Homens!)


sexta-feira, março 23, 2007

A fenda

Um fim. Sim, talvez. Mas não, não era um fim, era antes uma falha. E acredita que chegaria ao outro hemisfério deslizando por uma fenda estreita.
Chegou a pensar nisso, sem o dizer, naqueles momentos em que nem estava acordada nem a dormir e uma estreita zona intermédia, apenas com espaço suficiente para nos deixar passar de um lado para o outro, se abre entre dois mundos.

quinta-feira, março 22, 2007

Um nome indizível, um nome

Foi então que apareceu o moreno argentino.
Apareceu como todos nós aparecemos na vida uns dos outros: aspirado por uma necessidade tão forte que parecia uma ventosa.
Quando o dragão interior abre as goelas, é raro que a vítima apanhada na voragem não seja a que lhe convém.
A que lhe convém no sentido do desejo.
Quando o via dormir de barriga para baixo, tinha de refrear-se para não lhe lamber os calcanhares ou aquela linha vertiginosa que lhe dividia as costas ao meio.
Quando um dia ele se levantou para sair, ela reparou que, ao apoiarem-se no chão, os calcanhares se cobriam de uma renda de cor crua semeada de florinhas cor-de-rosa.
Nesse momento, ela percebeu que o moreno argentino estava destinado a partir.
Até o seu nome indizível era um salto no vazio.



quarta-feira, março 21, 2007

Escória quente colada ao corpo

Entende-as e odeia-as ao mesmo tempo. Por vezes não é ódio nem amor, mas uma espécie de distância súbita no olhar, quando o mundo lhe parece uma pauta. São momentos em que a ternura e a vingança se fundem, momentos parecidos com o amanhecer. É possível guardarmos ressentimentos por alguém que às três da tarde, nos olha como se o dia tivesse acabado de nascer?


Às vezes, também ela o detesta. Levará anos a libertar-se daquilo a que então chamava sentimentos, essa escória quente.

terça-feira, março 20, 2007

A piedade

Procura por vezes no olhar dele a centelha de piedade que a consola e desespera.
Nem sempre a encontra.
Sente-se sufocada por uma raiva futura. Um dia, hão-de explicar-lhe as coisas e então ela concederia a si própria o direito de se ofender.

Eram 50, ficamos 5




-É grave, Dr.?

-Nada que umas Vitaminas, um Piroxican em Gel, uma Sinvastatina e uma Sertralina não resolvam.
-E como é que as consigo?

-Para isso, menina, precisa do seu telefone... Urgente!


-Ai, Dr. ... Isso é que é mais difícil... O meu telefone não me fala...
-Então, pode esquecer o tratamento.




Mas quem és tu, afinal?

As tuas maldições serão só tuas.


A perda será só tua. Não se perde o que nunca se teve.
E agora deixa-me dormir.
Que as falsas versões liberais não me alimentam a alma nem o corpo.
Falsos puritanos e afins...

Humppff!




segunda-feira, março 19, 2007

Os carrascos dos que não são púdicos

Porque é que é tão difícil não fazer figuras tristes perante factos consumados?
A perda nem sempre é bem aceite. Durante a primeira hora.
Depois resolve-se tudo.
Perdem-se amigos ou será que são mesmo amigos os que se perdem?
Nunca tive oportunidade de explicar as minhas circunstâncias especiais, e todas as peculiaridades dessas circunstâncias se afundaram sobre a estrutura do meu rosto.
A estrada do retorno a mim própria é o regresso de um exílio espiritual, porque é a isso que a história de uma pessoa se resume - um exílio.

Preocupar-nos com a nossa auto-imagem, ajustá-la, revê-la, é uma perda de tempo. Necessário é podermos ser nós sem ter que ser pelos outros. Sermos o que queremos ser e não nos dissolvermos pela imagem que os outros olham.
Seremos sempre julgados de qualquer maneira. São todos juízes. São todos carrascos.
São todos os encapuçados ao lado da guilhotina.

Corte-se a cabeça aos que deixaram de ser púdicos há muito tempo!

Cortem-me a cabeça e esqueçam que vos fiz sorrir. Esqueçam que na verdade ser púdico é ser.

domingo, março 18, 2007

Sentimental

sexta-feira, março 16, 2007

Danças?





A insónia dissolveu-se por fim em longos corredores que vou palmilhando a medo e em cujo solo escorregadio rastejam palavras secretas. Há um esqueleto ornamental carregado de ofensas, de peixes com sangue, monstruosidade da qual me afasto e desvio e que à minha passagem se sacode. E as paredes de granito segregam vagos sons, que logo se estilhaçam. Agarram-me no ponto em que o corredor acaba e, sob uma luz intensa, pedras e água entram em conflito por todo o lado.. Já não há chão nem paredes, mas há nascentes ocultas e estátuas cegas que apontam para mim.
Ao longe ondula o rumor do mar, já é um indício, mas, na verdade, os ruídos, os reflexos na água, espelhos que se fracturam, tudo vai à deriva na luta opaca dos elementos. Lá fora, e no sangue que sinto pulsar-me nas artérias.
Fico paralisada. Vamos sair. Lá para fora.
Fazer o dia de alguém.
Fazer o meu dia. Não se pode evitar. Damos voltas no carrossel da cidade envolta em segredos e desvios tortuosos e paramos no mesmo sítio. Não se pode escapar.

Acordo exausta, na dor e no prazer, no sentido que me causou aquele orgasmo vicioso.
Desenhaste-me na pele incendiada tatuagens lascivas e soltou-se todo o veneno erótico.

quarta-feira, março 14, 2007

Dúvida Temporal




Deito-me tarde e levanto-me cedo
ou
Deito-me cedo e levanto-me tarde?

O falso milagre





Voltaste a falar. Quase como antes...
Nunca soube, no entanto, até que ponto entendi bem as razões que antecederam
esse novo facto, e o preço de tal falso milagre....

terça-feira, março 13, 2007

O lado negro que brilha comigo

Aqui sei que me posso alongar em delírios emocionais. Este é um canto bem mais bem secreto que o outro que já foi o meu jardim das delicias privado.
Aqui posso sofrer em profundidade. Aqui é suposto ficarem os restos em missivas pouco claras.
Aqui o espaço em branco é para mim. É o mar e a areia. O sangue a correr.
Os corredores escuros dos hospitais e da memória.
The Dark Side...
Com pirilampos e borboletas a voar. O estômago a tremer e as paralisias faciais a ferrarem o dente na minha pele branca.
Já foi bem mais escuro, este lado. Já mergulhei em camas imóveis e já me levantei.
Voltei a cair e a levantar-me.
E não é isso que fazemos todos os dias?
E é assim que eu sou também. Caio, levanto-me. Caio, levanto-me...
Caio outra vez... Levanto-me outra vez.



Os heróis movem-se e escondem-se ao lado dos unicórnios.

Sinto, logo existo

Sem sentimento a vida não teria sabor.
Uma verdade imensa contida numa frase pequenina. Sem sentimento, não há dúvida, a vida não teria sabor. (mesmo que seja o sabor amargo da derrota, da perda, da desilusão). Se o mundo fosse só razão, só raciocínio, só silogismos, só premissas e conclusões, a vida seria fria, gelada - matava.
Todas as pulsações que se sentem, todas as vibrações que se percebem. Todos os sorrisos que se acolhem e que se oferecem.
Todos os perdões que se aceitam e que se dão. Todos os heroísmos que se praticam e que se presenciam. Todas as glórias que se conquistam ou que se ajudam a conquistar.
Também aqui...
Desculpa.

O jogo

As opções estão todas em aberto.
Em todos os campos excepto num: o teu.
Lá o jogo está sobre a mesa. Claro, preciso e identificado.

segunda-feira, março 12, 2007

O vazio

Desculpa!



Foi tão estranho estar na minha casa sem ti...
Melhor: sabendo que não voltas...


Desculpa...

quinta-feira, março 08, 2007

Vou-te explicar

Mesmo que sejas muito burra, vais perceber que não se brinca assim.
E és mais burra do que pensas.
És uma mulher morta. Por dentro e por fora também.
Eu explico em detalhe. Deixa-me organizar as ideias. Digerir a perda e a desilusão.
Deixa-me pensar e vou-te encontrar.

Don't stop me now




I'M Lady Godiva!
I'm out of control...

quarta-feira, março 07, 2007

The end and the begining

O som dos violinos ecoa pelas paredes húmidas e estende-se nos campos até chegar ao mar.
Aí, sossegam os mortos e acalmam os vivos.

Fado

É uma dor profunda.
Quero voltar a casa e recomeçar. Voltar a ser eu.
Só oiço fado. Só sinto fado. E tristeza no coração.

terça-feira, março 06, 2007

Vazio

Há homens que não conseguem habituar-se às mulheres. Algumas são lindas. Sorriem e há uma espécie de suavidade na sua pele, nos seus gestos, nos seus sorrisos e risos. Nos costumes, na maneira como servem à mesa e na cama...
Há homens que não suportam o desejo.
Escondem a paixão na vida. Não se pode saber o que há no seu sangue, no seu coração, nos seus nervos.

segunda-feira, março 05, 2007

Enterrem-se os erros





-Boa tarde. Será possível falar com a Senhora?
-A Senhora foi a enterrar esta tarde.
-Lamento muito.
-Não lamente.

A culpa é da vontade


a culpa não é do sol

se o meu corpo se queimar
a culpa é da vontade

que eu tenho de te abraçar

a culpa não é da praia
se o meu corpo se ferir
a culpa é da vontade

que eu tenho de te sentir
a culpa é da vontade que vive dentro de mim
e só morre com a idade

com a idade do meu fim
a culpa é da vontade

a culpa não é do mar
se o meu olhar se perder
a culpa é da vontade

que eu tenho de te ver
a culpa não é do vento
se a minha voz se calar
a culpa é do lamento

que suporta o meu cantar
a culpa é da vontade que vive dentro de mim
e só morre com a idade

com a idade do meu fim
a culpa é da vontade









A verdade é que a culpa é sempre da vontade...

A vida é um Carnaval...




Mesmo agora, ouço-te e vejo-te no clarão vermelho na minha p.
Acendendo e apagando-se. Acendendo e apagando-se.
Vejo a luz vermelha raiada pelo negro que com ela se intercala a cada segundo. Acendendo e apagando-se. Acendendo e apagando-se.
Na minha parede negra.
O vermelho e o negro como luzes de perigo a avisar os navios que se afastam demasiado no mar alto, luzes assassinas, como nos bares onde se bebe pela madrugada, e tu. Vejo-te na luz negra, o vermelho piscando diante dos meus olhos.
Perigo.

domingo, março 04, 2007

As palavras estão entaladas na traqueia

O amor e o sono

Todas as noites, ela aproximava-se um pouco mais do abismo.

sábado, março 03, 2007

Aborto sem tino

Se vamos falar de erros e de vontade de voltar atrás e de recordações amargas, é para aqui que me mudo.
Para o canto onde despejo os restos. As frustrações.
Como quando estou deitada na cama, quieta, como um trapo, com a pele esquartejada, e a repetição é uma verdade da natureza plana que se forma quando uma nuvem dá origem a outra no céu.


''Não há nada dentro de mim, doutor...''
''Ele deixou espaço dentro de mim e faz escuro lá dentro, doutor...''
''Estou a morrer, não é, doutor?''

''Não, menina, você está só a abortar as ilusões''

Foi uma gravidez utópica.
não devia ser tópica? a gravidez? não devia ser na alma? como é que se aborta a alma?

Cospe-se sangue até sair tudo? Deitam-se as pessoas numa cama até sair tudo? Ignora-se a alma? Finge-se mais um bocadinho?
Not this time. Não há mais mentiras.

Play Dead








Se eu ficar aqui, muito quieta, sem me mexer; se me fingir de morta, tu vens abraçar-me? Os dois protegidos de olhares envenenados?
Dás-me beijos e deixas-me tratar de ti?
Posso ficar aqui muito quieta?

quinta-feira, março 01, 2007

Sexaddicta-me

...


-E posso chamar-te nomes?
-Chamar-me nomes?
-Sim. Dizer-te que és um cabrão e que me devias bater se me porto mal...
-Mas tu portas-te sempre mal.
-Cabrão.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Fecha-te em mim





Ensina-me, peço.
Não é a mesma coisa intuir algo vagamente e envolver o sentimento em palavras precisas.
Oiço o sino a bater as horas e acabou o tempo da lição.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Objecto inanimado

Puxa a corrente com força entre os pulsos para os cortar, porque a pequena dor é melhor do que esperar. É a espera que faz com que a sua respiração se suceda muito rapidamente no escuro; é assim que ele começa, é como se lhe desse de comer. É muito simples. Como o tipo de necessidade que cresceu nos sítios mais escuros, onde se guardam animais estropiados, ou plantas que se empurram para debaixo da terra... Basta um lampejo de uma ínfima luz e, em todas estas coisas, a fracção de vida que lhes resta saltará para essa luz, tentando crescer.
É esse o método que este homem usa com ela: guardá-la no interior, escondida, onde ninguém a possa ver.
Guardá-la num quarto durante todo o dia, mantê-la a dormir, deixá-la deitada, sem se mexer muito, para que os seus ossos fiquem mais macios, como leite.
Mas não se coíbe de mostrar a todos que aquela é a sua mulher. Que não lhe podem tocar, porque é especial.
Não a quer, mas mostra a toda a gente que ela lhe pertence.
Penetra no mais fundo dela, mas não consegue ver nada. Como se um àcido tivesse comido o interior, sem lhe deixar nada, um espaço em branco.
Ela senta-se à espera, na fragilidade da sua respiração, tentando não respirar, ajoelhada no chão como a lâmina plana de uma navalha.
Ele conhece a sua forma exacta às escuras, o contorno dos seus lábios, os ossinhos ao longo da sua espinha dorsal como ornamentos.
Sabe tudo acerca dela.
Ela não sabe nada.
Acende outro cigarro e continua a enganá-la. Ainda que diga que não.

Lust

Ela perdeu aquela autoridade de que ele não gosta nela. Está de uma beleza muito doce. Sofre de uma infinita tristeza que lhe dói. Mas que lhe assenta admiravelmente. Faz ressaltar dos seus traços o que ele ama nela, uma franqueza, uma limpidez, uma impossibilidade de dissimular, uma sensibilidade, uma ternura, uma plenitude.
Sente um desejo louco.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Só para ti





Onde estiveres...
Obrigada pelas palavras. Obrigada por te lembrares.

domingo, fevereiro 25, 2007

Duas vezes o meu nome

A primeira vez que lhe ouviu dizer o seu nome foi há muito tempo atrás. No tempo em que ainda mantinha a esperança viva.
Levou-a à casa onde leva todas as outras mulheres e antes de adormecer serrou-lhe os ossos quando lhe disse:
- Mary, não te apaixones por mim.
Era tarde demais. Porque o carinho que ele demonstrava parecia ser sincero e impossível de apagar pela chuva ou levado pelo vento.
Ele adormeceu e ela saiu. Fugiu para sentir o ar frio na cara e para não lhe ver os olhos ao acordar.
A segunda vez disse-lhe ao telefone:
- Adeus, Mary. E desligou.
E ela nunca mais o ouviu pronunciar o seu nome.
Mesmo assim ainda tem o coração a arder. A arder de vida e de vontade de recomeçar. Outras vozes, outros países, outros sentimentos.
Recomeçar como sempre fez. Sem enganar, trair ou tropeçar.

sábado, fevereiro 24, 2007

A perda

Uma noite, ele caminha por um passeio e perde as chaves. Alguém se volta e interpela-o: "Ei!"
Ele pára.
-Perdeu alguma coisa...
-Perdi. A minha mulher.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A Porta





Aconteceu de repente. O vazio terrível encheu-se implacavelmente de dor.
Foi como se me tivesse segurado muito quieta, tivesse mantido uma porta fechada, tivesse comprimido alguma coisa, alguma coisa que a música dilatou e fortaleceu até quebrar amarras. E, por muitos dias depois, embora não pudesse exprimir os meus sentimentos por palavras, muito menos escrevê-los, foi como se sentisse aquela música correndo pelo meu corpo e ao correr, qual rio num leito cheio, transbordava o leito e as margens, e eu fiquei muito doente com febre durante muitos dias, até acordar uma manhã e... não tinha ainda propriamente regressado ao mundo, mas tinha vislumbrado a porta pela qual podia regressar.
Fui ver. Eras tu outra vez.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O meu crime


Uma prisão imaginária.
Um velho edifício cinzento. Uma sala central circular, fechada em cima por uma rede de arame farpado, de onde partem quatro corredores sombrios e intermináveis. Celas poeirentas de dois metros por três. Chão de cimento manchado de urina e de humidade. Paredes eriçadas de londos pêlos brancos de bolor. Algumas tábuas sujas no lugar da cama. Bacio de madeira.
Portas de ferro enferrujadas fechadas com barras de ferro e vidros pintados de branco para os presos não poderem ver nada do que se passa no exterior.
O pior horror imaginado.
O meu crime? Ter aberto uma ferida de esperança no meu peito.
Tenho a sensação de ser condenada, sem sequer ter sido julgada, a prisão perpétua.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Not now


Now you're alone. You're so sad on your own...
Now you're looking for me or anyone like me.

Now I don't care anymore.











Espreito pelo foguetão de Carnaxide e deixo-te voar.
O voo de quem só pode continuar sem me dizer para onde.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007



.

À Bas Les Hypocrites!!!





.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Médias medíocres

Vive há seis meses com um homem. Sente a falta das suas noites e dias de liberdade. Entretem-se a dar uma pontuação ao companheiro: culto (20/20), sem humor (01/20), razoável como companheiro (15/20), ciumento (05/20), muito amoroso (17/20), fiel (10/20). Atribui coeficientes, multiplica e divide, obtém uma média medíocre: 11/20.
- Deixo-o? pergunta-me.
- Hoje mesmo. Respondo.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Repetição do dia

Nem mesmo deus pode mudar o passado.

Repetição do dia

Nem mesmo deus pode mudar o passado.

sábado, dezembro 23, 2006

Strange

Je pense que je vois un oiseaux.
Afasta-se do céu e aproxima-se dos restaurantes.



Olhou pela janela e viu só a luz.
No seu fato cinzento, no carro cinzento, o céu cinzento.
A vida cinzenta.
Os risos ecoavam nos ouvidos e o piano toca ainda aquela melodia tão familiar.
Hoje é o dia em que deixa o cinzento.
A gravata cinzenta.
Hoje, vai ver a luz.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Para o meu Bombom Azul

Desilusão

A embriaguez não durou muito. apenas uma noite.
Noite tão bela que tive medo de recomeçar.
Comecei a evitar-te.
Deixei de passar na tua rua, mas tu espiavas-me. Não me querias perder.
Meu Deus! Houve um homem que me quis!

Eu tive medo que a embriaguez não voltasse. e preferi ficar naquela ilusão.


domingo, dezembro 10, 2006

Bate, se és imperfeito!

Sei lidar contigo muito bem. Só não te amo...


´


Todos vuelvem a la tierra en que nascieram...

Hummm





She moves on fire
She on a wire...


...
...

terça-feira, dezembro 05, 2006

VU






and more:








domingo, dezembro 03, 2006

Creep...

quarta-feira, novembro 15, 2006

A nossa miséria

Existem estados tormentosos que nascem do espetáculo da nossa própria miséria subitamente descoberta.
Entre os remédios habituais contra a nssa própria miséria, temos o amor.
Porque quem é absolutamente amado não pode ser miserável.
Todas as fraquezas são resgatadas pelo olhar do amor.
Tudo pode ser encantador.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Caminho

Quando era criança e ia para o pomar comer maçãs verdes e sonhar,
vi nitidamente que o caminho que se abria à minha frente era
o
caminho intransitável
e
permanentemente solitário das perguntas...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Bombom Azul


Um dia, um menino que parecia um Bombom azul veio iluminar a minha vida.
Um olhar imenso. Um sorriso fascinante.
Ainda não sei verdadeiramente o que me trouxe este Bombom azul.
O meu bébé era (é) um perfume azul.
Uma flor azul.
Um anjo azul
.

sábado, novembro 04, 2006

A casa

O céu está tão baixo. Os pássaros voam tão alto. E eu na casa que já foi um sonho e agora é um pesadelo que me entrou na pele poro a poro e, quando falo, é ela que fala, quando grito, é ela que grita, e, quando choro, é ela que chora: A Casa.
As labaredas subindo pelas paredes, pelos móveis, pelas portas de madeira. Uma casa a arder dentro de mim e eu a olhar as chamas a devorar as madeiras, os móveis, os livros, as roupas. A casa.
A àgua a entrar pela porta, pelas janelas, em golfadas.
A àgua a subir lentamente pelas paredes e as coisas a ficarem submersas, afogadas.
Uma goteira a pingar, a pingar até enlouquecer. A casa.
As paredes a tremerem, os tabiques a desmoronarem-se, o telhado a desfazer-se numa nuvem de poeira e pedaços de telhas. A casa.
Fechada e silenciada depois da morte. Os sons, os cheiros, as imagens que a habitam. A casa.
Uma porta fechada que é uma tentação, como o são todas as portas fechadas.
Todas as pessoas fechadas.
Pessoas sem chave.
Pessoas que nunca ninguém abriu e vivem fechadas até morrer.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Pedimos desculpa pelo incómodo...

Voltamos à base...
O que quer dizer... Ao endereço antigo. A casa.
O passado, por vezes, torna-se pálido...

terça-feira, outubro 31, 2006

Coisas pequenas

Não há mistério maior do que o minúsculo. É aí, sob a protecção do invisível, que se dá a explosão do secreto.
Uma pedra, antes de ser uma pedra, é sempre uma pedra, mas uma àrvore, antes de ser uma àrvore, é uma semente; o homem, antes de ser um homem, é uma mórula.
É no limite, na circunscrição, que dormitam os maiores projectos; o que separa o dentro do fora possibilita a evolução.
Poe isso, percebi logo que é preciso cuidar das coisas pequenas.
De tudo o que é pequeno.

Um instante de distração não controlada

Existem muitos recantos onde se podem facilmente instalar as almas errantes, demónios, ou a própria morte, que não é nenhum espantalho encapuzado de órbitas vazias, mas uma mulher grande e roliça de peito opulento e braços acolhedores, um anjo maternal.
Apetece-me que chova. Que chova muito para poder ouvir o que não se ouve. Os telhados.
A memória, ás vezes, é uma perfeita barafunda sem ordem.
Oh! mas que tenaz é a memória! A minha não me deixa em paz, enche-me a mente de imagens, palavras, dor e amor.
Sinto que revivo uma e outra vez o que já vivi.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Não é nada, isto

Ainda furiosa, Magoada pela tua ausência
Não te amo, sei que não. Se amar, não quero saber…
Tenho paixão… Sede de ti
ATua voz... O Teu olhar
As Tuas mãos…
Demoras a chegar a mim
Mas o meu corpo grava-te na minha pele. E alimenta-se quando não estás.

Ainda furiosa...Não é amor
É paixão…
Não te quero amar, e não te amo
Mas deixei-me apaixonar por ti
Maldito sejas…

O gelo que prometeste no meu corpo, os beijos suspensos durante dias
O meu corpo violentamente contra o teu, anda, Vem saciar o meu desejo
Vem possuir-me
Vem dilacerar a dor da espera
Traz-me a dor do prazer!

Estará o nosso mundo a morrer?

LAMRON

OHNOS

OÃÇANICULA

ANAGROMADAF

SEROMA

ADIV


sábado, outubro 28, 2006

E se eu não voltar?

Vais ficar triste?
Ou nem te vais lembrar de mim?
Não te lembres.
Saber demasiado pode ser uma enchente...
Tenho que confessar que tenho muitas coisas para conquistar e não posso ficar para aqui parada!

domingo, outubro 22, 2006

Am I missing something here..?

sábado, outubro 21, 2006

Sem querer

Sem saberes, sem sequer imaginares,
ensinaste-me uma coisa:


What are you?


A shadow very far away...

Coisas mais estranhas já aconteceram

E agora que me foco no que é real, há uma agulha que se espeta no hemisfério esquerdo e que não me deixa dormir.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Pugsley Buzzard

sexta-feira, agosto 11, 2006

Quase 365 dias


Está quase a passar o tempo.
Quase 365 dias desde que
me vi assim
deitada
imóvel
(eu)
lavavam-me o corpo e
voltavam a deitar-me
(as pernas sempre iguais)
nem a cadeira de rodas me era útil

(eu)

quase 365 dias
sem ver o rio.
sem cheirar o mar aquele tempo todo
sem arrifana
Sem verão
Sózinha sem pernas
(eu)
Gelada



...

sexta-feira, agosto 04, 2006

I Will!

quarta-feira, agosto 02, 2006

Esplendor



De há algum tempo para cá, comecei a verificar a idade do realizador, autor ou músico sempre que vejo um bom filme,
leio um bom livro ou oiço uma boa música.
Penso na minha ainda activa esperança de vir ainda a conseguir chegar onde quero
com alguma vergonha.
Penso em Felllini. Como se sentiria um homem que tenha feito por exemplo,
La Dolce Vita, já para não falar do 8 1/2.
Que espírito insultuoso isso lhe daria, durante o pequeno almoço, ou à espera de
uma consulta médica devido a um problema preocupante, suportando os espaços vazios
que delimitam os eventos estimulantes da vida!
Bergman, Fellini, Ozu, Wilder, Cassavetes, Rosi, Renoir: O esplendor!

terça-feira, agosto 01, 2006

A luta





Sei que, no fundo,
se me tivesse deixado levar um pouco,
acabaria por me apaixonar, mas
não quero nada que me apaixone.
Nada
Nada disso outra vez.
Nada que me faça sentir outra vez.
Nada que me faça esquecer-te.

quarta-feira, julho 26, 2006

Condenada


Transportamos memórias e hábitos adquiridos. Não é fácil esquecê-los em cada novo contexto.
Fazem parte de nós.
Restam-nos as palavras. A subtileza das palavras. É com elas que construímos os nossos mundos. é com elas que esgrimimos, que nos defendemos e atacamos.
É com elas que somos atacados.
As palavras pertencem-nos. É com elas que nos construímos.

Sinto-me condenada á lucidez.
Condenada, sim. porque se a lucidez é uma grande conquista, ela também é uma grande tragédia.
A lucidez mostra-me o que não quero ver.
Obriga-me a mudar de direcção. Por vezes a deixar de lutar.
Estou definitivamente condenada.

Sonho




sentei-me na cama, fitei as luzes e os livros até as imagens se tornarem turvas, o meu quarto se transformar num mar imenso e o meu corpo se encolher como se estivesse à procura de um abrigo num canto de rocha, tentando proteger-me daquela àgua montada em rolos de escamas grossas que se abatiam pouco a pouco sobre mim, enquanto ao longe uma luz estranha explodia em linguas de fogo que se apagavam nas ondas lentas e poderosas, semelhantes a cobras imensas que resvalavam para dentro de um céu molhado e sem peso onde mergulho impelida por uma força singular. E no meio dos destroços de barcos naufragados, de âncoras enferrujadas, de corpos regelados cobertos pelo manto fúnebre de algas e dos objectos que flutuavam no meio dos peixes à laia de restos inúteis e incongruentes, nadava, abraçando a àgua com gestos leves, tocando a areia que remexia, retirando estrelas sem brilho que repousavam como astros caídos dos abismos celestiais.

My own private Corto



Almost perfect...

segunda-feira, julho 24, 2006

Sonho

Queria escrever alguma coisa bonita.
Que me fizesse flutuar, mas é sempre dificil, neste estado de intimidade interior
conseguir exprimir-me.
Deixo isso para os meus sonhos.
Outros dias de inspiração mais concisa virão...

sexta-feira, julho 14, 2006

E tu?


Estás vivo?
Ainda?
Mesmo depois da despedida do aeroporto?
Assim é que é!

O meu Ego

Obrigada


Ensinaste-me a ver o brilho nos olhos dos outros.
Estou a aprender.

quarta-feira, julho 12, 2006

Uma nova religião


Ó minha concubina
Ó minha concubina Na noite escura
Entregaste tua excelsa carnação Para lenta e desejada degustação Para minha caprichosa loucura
Como era doce teu seio seguro Tuas unhas de cereja cristalizada Teus lábios devorei na tarde Com o seu tom rouge de fruto maduro
Consumido teu glorioso ventre altar Semeei em teu quente sexo debruado
A altiva horda do prazer imaculado Que meu corpo reservou
para te amar
Místico era o suor que se libertava

De teu lascivo corpo nacarado que como um vinho consagrado

Minha ávida boca o libava
Como estavas deliciosa naquela tarde
Em cada suave movimento fremente
De nossos corpos virados a Oriente
Como dispostos por
sacra
ordenação
Ó minha concubina
Naquela tarde


Iniciámos uma religião

...

Tesão


"Que tesão é essa?"
Perguntei-me naquela manhã Que coisa é essa
Que me estranha que me toma
E sobe à cabeça? Que bate no coração
Acelera o sangue? Este baque que nos leva e arrasa
Que Me faz um bicho Um lobo no uivo
Uma fêmea no inverso de um parto?
Delírio, riso, força, prazer... Esse toma e dá
Essa sexo, essa trama, essa troca
Tesão.
Que bicho é este? Que acende o fogo Eleva o ego
Esta química dos corpos. Este atrito bom.
Esta luta sã? Só sei que isso é louco e não é pouco
Que é muito... muito que é mil... E melhor que sabê-lo, é tê-lo É ter-te entre os braços
O Teu riso aberto, o teu suor, este cheiro,o teu gozo
E todo o conteúdo que minhas mãos agarram
Todo o belo do teu corpo
Dos teus poros vulcânicos
A Tua seiva que bebo
Todo o quente que me dás
Todo este embate
Esse abateu que por fim nos tomou e nos tombou

Mas que nos deixou leves felizes saudáveis... Tesão é gozo, gosto, prazer, satisfação. Posse ou uso de alguma coisa que dê satisfação, vantagens, interesse Hilaridade, deleite, orgasmo e mais:

EU!

...

Dois


Eu ouvindo teus gemidos E tu sentindo o mais forte orgasmo... Para depois relaxarmos e adormecermos Juntos no mesmo leito...

Não é amor

Ainda furiosa
Magoada pela tua ausência
Não te amo, sei que não
Se amar, não quero saber…Tenho paixão…
Sede de ti Tua vozTeu olhar Tuas mãos…Demoras a chegar a mim
Mas o meu corpo grava-te na minha pele E alimenta-se quando não estás Ainda furiosa Não é amor É paixão…Não te quero amar, e não te amo Mas deixei-me apaixonar por ti Maldito sejas… O gelo que prometeste no meu corpo Os beijos suspensos durante dias O meu corpo violentamente contra o teu Vem saciar o meu desejo Vem possuir-me Vem dilacerar a dor da espera
Traz-me a dor do prazer

Levemente Erótico



Foi assim... Levemente é muito leve...
Well....

terça-feira, julho 11, 2006

Quem diria?

"em espiral cias rumo ao remoínho que te há-de salvar.contérmino, uma etúngula laudativa avista-te.os teus lábios nacarados soltam um grito mutista e maledicente,como uma qualquer morganática.não te percebo.ocaso não vês que ficas melhor morta ?"

Fui buscar isto aqui...

domingo, julho 09, 2006

Apetece-me mudar, ok?

Apetece-me mudar muita coisa.
Ando assim, libidinosa, por isso... A foto, o nome...
Fica mais giro, hã?
Para os mais susceptíveis... Temos pena.


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terça-feira, julho 04, 2006

Sinto-te


A minha mãe chorava. Tentava disfarçar, mas eu percebia, apesar dos cinco anos só de mimos e brincadeiras.
Segurava a minha mão fria e quase inerte na sua, tão quente e viva e morta ao mesmo tempo.
O meu pai permanecia impassível, de pé, em frente à cama dela. Os seus olhos estavam vermelhos. Tinha um ar exausto e as feições profundamente marcadas por olheiras sinuosas.
As minhas irmãs olhavam.
Já só faltava uma. A fila estava a terminar.
Depois da despedida nunca mais a vi.
Só a sinto.

sábado, julho 01, 2006

Distraí-me

Digo que não sou o que sou.
Sou tímida e covarde.
E detesto aqueles homens fortes e fecundos sempre dispostos a afirmar-se acima de tudo.
Benze-se o ar e não faz sentido contrariar-me.
Há uma estranha solidariedade entre nós.
O medo une-nos, mas o caminho da memória também nos separa.
Um louco e um bruto ameaçam a minha liberdade.
E nós... Cada abraço é (era) (foi) um prémio que entregamos um ao outro.
Agarravas-me como se quisesses salvar-me de um suicídio.
Toma a minha vida nas tuas mãos.
Só não a coloques ao lado de nada a preto e branco.
Aqui está a acontecer qualquer coisa.









Já aconteceu e eu distraí-me...

nada para te dar

Aproximo-me da minha mesa.
Comtemplo fixamente os teus olhos cheios de história.
O que pensei foi demasiado solene: a minha vida começa contigo cada dia e não tenho nada para te dar.
(tenho, mas é só desgraça e loucura e perturbações mentais, mas disso estás tu farto)
Não te alarmes, pensas. Não prometemos nada um ao outro.
Eu e as minhas perguntas impossíveis, assobio de alegria ao descobrir que também sei inventar palavras.
Os espíritos do diabo vêm para se vingar de quando foram vencidos e ficaram despidos de alma, sem corpo que vestir, nem roupa com que se tapar e desde então vivem flutuando no mundo em busca de oportunidades para se poderem introduzir nas pessoas.
Assim, quando vêem alguém debilitado, avançam sobre ele.
Quem é fraco fica possuído. E não quer saber.
Eu sou uma mulher forte.

sexta-feira, junho 30, 2006

Where are you, Crisassol?

As palavras que te escolhi


A estrela do mar acorda como uma crisálida adormecida num caleidoscópio brilhante e cheio da minha luxúria.
Cintilou e a luz dourada foi sacudida e só então abriu os olhos.
E viu.
Viu Portugal.
Vislumbrou estepes e searas amarelas e verdes.
Amfíbios delicodoces estremeceram insanes na penumbra da àgua.
Feriu-se no galope esfomeado da vontade de ver e foi paulatinamente suturada por um estóico e gonorreico cavalo marinho pendente num baloiço feito de algas e com cheiro de hortelã pimenta.
Regressou ao império que reconhecia denso e gentil.
Beliscou o branco da areia e recortou o girassol que plantara na taça de cerejas debulhadas pelo chilrear da vida e das sarjetas.
Estremeceu.

Gosto destas palavras

Luxúria, caleidoscópio, estrela do mar, cintilante, seara, branco, estepes,crisálida, cereja, galope, império, paulatinamente, hortelâ (com ou sem pimenta), girassol, baloiço, gonorreia, estóico, recortar, chilrear, vislumbrar, dourado, debulhar, regresso, denso, gentil, suturar, Portugal, delicodoce, estremece, insane, anfibio, beliscar, penumbra.


E agora... Que lhes faço?
Monto-as como um puzzle e mando-me desenfreada num post!
Até já!!!!

Arco e Anjo


O mundo não é nada. Aquilo que é importante não esqueces nunca.
Volta sempre.
Liga-se a ti.
Mas as coisas de pouca importância não existem, uma pessoa deita-as fora, como os sonhos.
Há algum tempo só me lembro das coisas importantes.
A memória filtra tudo de uma maneira maravilhosa.
E os promenores, às vezes, são muito importantes. Ligam todo um conjunto, colam a matéria base das recordações.
Estou à tua espera.
Porque não podia fazer de outra maneira.

quinta-feira, junho 29, 2006

Um amigo disse-me um dia:


Nunca desesperes
face
às mais sombrias
aflições
da tua vida,
pois das nuvens
mais negras
cai água
límpida

e

fecunda.

terça-feira, junho 27, 2006

tinha que ser assim

No silêncio
Aprendo a ser mais silenciosa..
No Silêcio
Aprendo a fechar a minha pérola e a escondê-la
entre duas conchas de mar e caracóis e sal
borboletas sol a ar.

No silêncio em mim

segunda-feira, junho 26, 2006

Nada de grave

Se um dia,
àlguem muito orgulhoso...
lhe pedir ajuda...

NÃO LIGUE.

É SÓ UM PEQUENO DELIRÍO.


Nada de grave. Isso passa.

segunda-feira, junho 12, 2006

domingo, junho 11, 2006

Cá dentro






Conheço um sítio mágico de onde não quero voltar a sair.



Fica
dentro de mim.




...

...Once Upon a time...


Era uma vez...

A Super Mulher.
Retirou-se porque a convenceram de que nem era super, nem mulher.

Mas foi obrigada a acordar quando a pisaram e usaram.

Voltou porque a Super Mulher não chora.








.

terça-feira, maio 30, 2006

ah pois é...


...

A Inveja é uma Merda!
...

sexta-feira, maio 26, 2006

Urgência

Apaga a memória já!
Fecha o baú da vida e luta por alcançar o
Dom supremo da felicidade.
A busca do Absoluto não tem fim.
Por vezes pára para ver as flores a desabrochar...

As borboletas morrem depressa demais.
Perguntas urgentes têm respostas urgentes.

quarta-feira, maio 24, 2006

A sombra

.


Tremia em estranha crispação. O suor escorria lânguido.
(Floresce o vale púrpura)
Deslizei na escuridão crescente.
Pele de vento e de seda.
Cor de papoila envergonhada.
O chiar mansinho do baloiço na sombra fresca do meu sentir.

quarta-feira, maio 17, 2006

Sarcófago




A fazer cada vez mais sentido...
A fugir todos os dias mais.
A esconder-me cada dia melhor...

sexta-feira, maio 12, 2006

look closer

O cheiro que se desprende embriaga-nos docemente.
A chama ilumina a dor de não ser possível.
...just look closer...

...

Essa regulação da vulgaridade da vida de todos os dias extenua-me.

terça-feira, maio 09, 2006

O anel







Fecho a boca. Firmemente.
Não digo uma palavra e continuo com a boca firmemente fechada ( como num sonho em que guardava na boca um anel de oiro).
.
.
.
.
.

domingo, maio 07, 2006

Not now, Joe

Tudo é sempre demasiado tarde para mim, penso. Mas ainda posso oferecer uma reparação à minha memória.
À minha vida...
Ao meu silêncio.




Vamos andar depressa e ver se a cozinha do hotel continua a ser digna do seu nome?

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quinta-feira, maio 04, 2006

Culto

Os meus amigos morreram.
Mas eu perpetuo a memória deles.
envolvo-me em crepes, enfeito-me de fitas e borlas.
espalho-me pelo mar e pela serra.
continuoa lutar pelo culto a eles votado por mim.

terça-feira, maio 02, 2006

Cheiros e nha nha nha


Este blog anda muito lamechas.
Sempre foi apanágio (credo! parece que estou a treinar visitas) do Ossos este tom melancólico, mas ás vezes até me irrita tanto nha nha nha, nha nha nha...
Deve ser dos sticks de incenso com cheiro a aloe vera que arde e me invade as narinas.
Mas o cheiro até é bom.
Vou cortar na lamechice.
Ignorar a amargura.

E deixar arder.









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