domingo, abril 30, 2006

Acordo e adormeço sem ti

Depressa me canso de mim. Olho à minha volta e só vejo recordações. Uma terna claridade (ou será obscuridade?) invade o meu quarto e rodeia-me de mansinho. Já reparei várias vezes: vem sempre acompanhada do silêncio! Nunca soube o porquê de tal evento. É uma luz difusa, lenta, como que surgindo a medo e com ela, um opaco silêncio; algo que não tráz nada a não ser paz. Mas trazê-la já é bom.E é nesses momentos que me sinto só.E sabes porquê?
Porque não tenho com quem partilhar esse momento! Ou que me perceba nesses momentos.

Algo que desejei fazer um dia na minha vida: partilhar a minha solidão. Dizer a alguém:

“Vês? Estás a ouvir? A minha solidão está aqui, é isto que vive aqui comigo. Entendes?”

Mas nunca consegui e nunca o consegui porque nos momentos em que a solidão me visita eu nunca estou acompanhada; engano, estar acompanhada estou mas apenas de mim mesma e dessa luz e desse silêncio.
Já somos três.
Estendo-me então no leito dessa luz (ou será escuridão?) e deixo-me levar pelo barulho do silêncio que me invade. Nunca é tarde para experimentar novas sensações, só que esta é já demasiadamente minha conhecida e então apenas nos olhamos e aceitamo-nos mutuamente. Nada mais fazemos senão partilhar aquele momento, uma partilha a três numa solidão solitária de uma só.Estendida nela e com o silêncio deitado a meu lado, olhamos o tecto que lentamente se separa de nós em tons de cinzentos cada vez mais escuros; passo os braços pelo silêncio e aperto-o de encontro ao meu peito. Sinto o seu respirar lento e compassado; é um som simpático, eu sei, mas ao mesmo tempo ousado na medida em que invade o som do bater do meu coração; e o silêncio deixa de ser silêncio para ser um baque surdo ritmado aqui, ao meu lado, deitado.No entanto, continuo abraçado a ele e ele sente-se bem porque acarinhado. É um abraço puro mas forte; ingénuo mas apaixonado. É apenas um abraço de silêncio compartilhado num leito de claridade a escurecer em lentos tons que tem o anoitecer.Porém, já quando o tecto se separa de nós e nos abandona entregues que ficámos à luz das trevas que entretanto nos envolveram, o silêncio aperta-se contra mim e possui-me. Penetra-me fundo e a respiração torna-se ofegante, sufocante.O que até então era um prazer compartilhado passa a ser dor e algo que corrompe.Penetra-me cada vez mais fundo e a dor aumenta.O bater e o som do meu coração ultrapassa o silêncio que entretanto se esvai num orgasmo de sons delirantes de espasmos gigantes que se avolumam dentro de mim.O tecto já não existe, a obscuridade ainda persiste com mais intensidade.É um estar sem vida, sem morte e sem idade.
Apenas habita em mim numa eterna cumplicidade.Respiro o espaço que me rodeia. E a escuridão cai sobre tudo e me envolve como uma teia. Já tenho mais uma companhia. O doce sono vem de mansinho amparar meu corpo e cobre-o com carinho.Adormeço lentamente, extenuada de tanta amargura, numa vã procura do próximo amanhecer que de novo me vai trazer o fim de tarde, neste terno ciclo de amor e ódio em que espero pela eternidade.

quinta-feira, abril 27, 2006

Quer dizer-te isto:




Se é que me permites...

quarta-feira, abril 19, 2006

Paixão

Ouvia sempre uma voz, quando chovia.
E noutras ocasiões também.
O cheiro.
Vinha-me á memória o cheiro.
Mas a paixão purificou-se no coração e já não me faz sofrer.

segunda-feira, abril 17, 2006

Páscoa...








Ok, Ok.
Pronto. I saw the light, this Easter.




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segunda-feira, abril 03, 2006

Snap shots and video

This is a quote from a Leonard Cohen song "There is a crack in everything, that's how the light gets in"

Let go of the past or let go of the future