sábado, fevereiro 18, 2006

Como o vento


...amar como o vento...

Em cada relação que começa, a vida e o amor renascem. A paixão coloca cada pessoa num ponto alto e excepcional, inevitável e imperdível. Com gosto. Mas as pessoas no seu melhor vêm depois, às vezes muito depois, quando se chora e luta, quando se aceita e se resiste, quando se constrói e quando se acredita. As verdadeiras relações, os grandes amores são sempre virtuais. Não por serem irreais, antes por serem imateriais, apesar de nos darem a ilusão de um corpo, de um suporte material que tocamos e possuímos, que acreditamos nosso, real, físico, material. Sentimos amor, quase conseguimos tocar, agarrar essa sensação. Dizemos convictos que é real. Olhamos o outro nos olhos e parece real, parece que o outro ali está e nos ama mais que nós... Mas ver, sentir, tocar, são formas de aceder ao amor, ascensores, facilitadores. Difícil mesmo é planar. As relações são feitas de ar, planar. É no vento que se ama. Talvez ser o próprio vento, e não a folha. Vê-se melhor o que é amar quando é difícil amar, aceitar que é sempre mais do que improvavelmente, um esforço, um desejo, um empenho pessoal em algo que materialmente não existe, não é palpável nem mesmo se sente. Nunca se ama realmente, a realidade do amor é nunca ser real. Virtual. No dia a dia, corpo a corpo, sonha-se o amor, sonha-se um amor virtual, que se não for virtual não é amor. Virtual porque não depende da presença do outro, da aparência do outro, do comportamento do outro. Um amar que perdura e se sustenta (Vento) mesmo quando não vemos o outro. Amar é memória, antecipação e crença profunda em memórias que hão-de vir. Virar a cara a quem nos vira a cara, sabemos todos que é real, bem concrecto, mas não é amar. Ama-se mesmo quem não nos ama e nos quer deixar. É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar. Depende de quem ama e não de quem é amado. Depende do esforço e disponibilidade de quem ama. Ninguém merece ser amado, porque ninguém pode deixar de merecer ser amado. Não depende do mérito, não depende do comportamento, não se vê nem se comprova. Posso ter que silenciar, posso ter de partir... vai comigo o amor.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Eternidade

A eternidade pode ser guardar para sempre momentos como estes.
Marcá-los indelevelmente nas nossas memórias
e
ficar dentro deles pelos séculos dos séculos.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Rio-me...

E lanço a minha arma secreta.

domingo, fevereiro 12, 2006

Fog

Vi o nevoeiro engolir o castelo.
Tem dedos gelados de fantasma que apertam zombateiramente a minha face e me gelam a pele e me fura os olhos.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Mata-a

Não sonhas. Morres um pouco de manhã e ao meio do dia, quando o sol mais queima.
Tens de continuar. Tens de esquecer. Não aguentas mais.
Tens de acabar, matar, recomeçar a viver. Só que ela está presa por dentro e tu agarrado a ela por um nó da garganta e não sabes que o deves deitar fora, arrancar. Vomitar.
Sais á procura de alguém para levar para casa, mas não encontras ninguém.
Ou encontras alguém que te mostra que não a podes substituir.
Começas a beber. A fazeres-te mal.
Porque estás triste e não tens coragem.
Sabes que não é possível voltar atrás porque ela está num mundo e tu noutro.
Os dois.
Tão depressa se afastam fechados em fotografias em que estamos abraçados e já não somos nós.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

I believe

Acredito em desafios,
em percursos,
...em bons ventos

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Tempo

Há noites que duram semanas, aqui.
É perigoso. O mais certo é essas noites não acontecerem, o que torna tudo ainda mais perigoso. Quando as possibilidades se reduzem, a intensidade do que acontece aumenta exponencialmente.
Aqui é preciosíssimo. Tudo acaba sempre por acontecer. Mas só uma vez.