sexta-feira, junho 30, 2006

As palavras que te escolhi


A estrela do mar acorda como uma crisálida adormecida num caleidoscópio brilhante e cheio da minha luxúria.
Cintilou e a luz dourada foi sacudida e só então abriu os olhos.
E viu.
Viu Portugal.
Vislumbrou estepes e searas amarelas e verdes.
Amfíbios delicodoces estremeceram insanes na penumbra da àgua.
Feriu-se no galope esfomeado da vontade de ver e foi paulatinamente suturada por um estóico e gonorreico cavalo marinho pendente num baloiço feito de algas e com cheiro de hortelã pimenta.
Regressou ao império que reconhecia denso e gentil.
Beliscou o branco da areia e recortou o girassol que plantara na taça de cerejas debulhadas pelo chilrear da vida e das sarjetas.
Estremeceu.

Enviar um comentário