terça-feira, julho 04, 2006

Sinto-te


A minha mãe chorava. Tentava disfarçar, mas eu percebia, apesar dos cinco anos só de mimos e brincadeiras.
Segurava a minha mão fria e quase inerte na sua, tão quente e viva e morta ao mesmo tempo.
O meu pai permanecia impassível, de pé, em frente à cama dela. Os seus olhos estavam vermelhos. Tinha um ar exausto e as feições profundamente marcadas por olheiras sinuosas.
As minhas irmãs olhavam.
Já só faltava uma. A fila estava a terminar.
Depois da despedida nunca mais a vi.
Só a sinto.

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