quarta-feira, novembro 30, 2005

Reencontro


Hoje o sol entrou-me outra vez pelo telefone adentro...
Hoje tive um reencontro feliz.
E é aqui que o partilho por ser mais discreto. Por tudo o que viveste ser tão intenso e perturbador que me parece melhor guardar num cantinho mais escondido daqueles que te acompanharam.
Todas as malformações congénitas estão finalmente a sair cá para fora. Todos os abusos e maus tratos estão a fugir de dentro de ti e a refugiar-se onde não te podem voltar a atingir.
Não me olhas nos olhos como antes, ainda. Mas já te olhas de frente.
Lembro-me de muitas coisas que vivemos, noites, dias, festas, comer israelita quando ainda ninguém gostava, carnaval na casa da ribeira comigo grávida e mascarada de anjo mau, numa confusão de xarros que evitava e tu e os outros só queriam estar comigo e eu com a birra do sono a rir que nem uma perdida e vocês a querer ficar no meu quarto e eu que não.
Que não queria o fumo perto de mim, do meu bébé, mas não valia a pena porque afinal eu era gira e vocês riam-se comigo.
E eu a pensar que gostava de ser como tu e a não ser.
Nessa noite eu estava mascarada de anjo mau e a barriga já se notava tanto! Mas conseguiste tornar-me irreconhecível com aquele cabelo preto e tu toda loira!
E ainda com a minha barriga, em tua casa com o B. e o G. noites inteiras sem dormir e dias de férias a trabalhar que não lembram ao diabo!
Deixaram-me na rua. Dormiam todos e eu, grávida de uns oito meses a saltar pela janela para poder fazer-vos o jantar. E a barriga não me deixava saltar porque a janela era lá em cima e eu com medo.
Louca!
E a querer ser como tu...
A Diva lá do sitio! Tu, que agora, finalmente me apareces numa janela telefónica a dizer que não queres ir para casa...
Posso ir para aí?
E eu o refúgio, o porto de abrigo, a calmaria.
E partilhamos vivências e existências.
E é tão bom redescobrir a idade adulta assim!
E voltar a sentir a amizade e o prazer de te ter por perto.
Agora não fujas! Fica cá. Dorme comigo.
Nem precisas de me agarrar, que passo mais tempo a fazer outras coisas que a dormir...
Menina-mulher tu também. Mais mulher agora.
Com mais inseguranças, mas mais a frio. É tudo real, agora.
E os planos que já fazemos vão dar cabo de nós, mas é assim que eu gosto.
É esta aventura este frio na barriga.
Cozinhar uma massa como antes na tua casa em Coimbra...Revividos aqui alguns momentos partilhados só por nós agora! Sem mais ninguém com quem contar. Mas as duas serenas e crescidas.
Com música e blogs á mistura!
Toda a partilha que fazemos é para ser apurada em lume brando e calmamente digerida.
Sem aditivos.

Roubei esta foto de qunado eras adolescente. Espero que não me matem!

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