sexta-feira, novembro 25, 2005

Veia de poeta?

Regresso à minha cama larga e solta
às cinco da manhã
e ainda venho cedo

P'ra trás ficou a noite
toda lua
que vagueou comigo
acompanhou meu passo solitário
sem angústia
mas com uma pena branda e morna de mim

Acredita lua
se eu fosse uma mulher com companhia
não seria tão tua


Será que me deu para isto agora? Eu... Que sou uma gaja de escrever tudo a cru. Sem poesia e sem esconderijos mais que previsíveis?
Não me posso deixar tentar por coisas tão ridículas nas minhas palavras!
Anda lá lua, que hoje nem és cheia, nem me podes encher nem esvaziar como eu preciso de ser.
Foda-se para o que havia de me dar!
É desta que me internam!
Já está previsto para o ano da graça de deus de 2015,
quando estiver tão gasta e tão impura que não aguente o verde pus a correr-me nas veias.
Não devia ser verde, o meu sangue. Antes azul da cor do mar!
O mar que me leva e me trás e me empurra e me deixa a sonhar!
Tu também, mar? Acompanhas-me nestes devaneios e não me paras?
Mas serei sempre tua. Tua e da lua, se me quiseres assim dividida...
E espero. Espero que me arranques e me enchas os pulmões e me deixes ouvir os sons que me fazem sonhar e esquecer!
Andavas tão sossegado, tu!
Porque me acordas a esta hora?
Deixas-me a arder. A cara a arder, a casa a arder!
E se vacilo?
Não sabes que os pássaros se despenham por minha causa?
Caem sem saber porquê. Mas eu sei.
Tu é que não. Por isso não me tentes.
Não me faças recordar o que tivemos. Não me lembres das tuas mãos. Não me lembres.
Já me tinha esquecido...Viajei pelo limbo da esperança e da desilusão e agora que sei que não conto com nada... Voltas para me assombrar?
É tarde. E não sou nenhuma princesa, apesar do meu sangue dever ser azul.
Azul da cor do mar!
E se tinha perdido a esperança de ter uma pessoa que se te pudesse sobrepor, aprendi que não existem pessoas que possam.
E não quero o sabor a sal de novo na boca. Descobri sabores diferentes. E nem os teus pulsos me levam novamente á raia da loucura!
Há pulsos mais fortes e que me arremessam contra as paredes do meu quarto. E nesse nunca entraste. Essas paredes não te esperam!
Essas paredes não são tuas. Já não podem ser.
O teu santuário já foi profanado.
Se sou dominadora, é em autodefesa. Contra a dor, contra o medo do fracasso, do abandono. Contra mim!

Rompi com a minha vida toda e voltei a ser criança. Não foi fácil. Mas o que quer que se tenha expandido para fora de mim há-de continuar.
Ás vezes tenho a sensação de ser aprisionada, de cair dentro de mim mesma.
Sinto que não mereço nada.
Sinto mesmo que não mereço nada.
> Blogger Mary Mary said...

Qual não mereces nada qual carapuça... É claro que mereces... Mereces tudo... :)

sexta-feira, novembro 25, 2005 4:35:00 da manhã  
> Blogger Ossos said...

Bem, linda Mary, isto é uma hipérbole...

sexta-feira, novembro 25, 2005 2:16:00 da tarde  
> Blogger Mary Mary said...

Que seja uma hipérbole, parábola ou mesmo sinusoidal... :P

Continuo a dizer a mesma coisa... :)

sexta-feira, novembro 25, 2005 4:48:00 da tarde  
> Blogger Lcego said...

muito bonito...mas triste... alegra-te que a Lua brilha quente para todos.

sexta-feira, novembro 25, 2005 6:17:00 da tarde  

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