terça-feira, novembro 29, 2005

Cavalgando devagar


Jantamos num restaurante, perto da floresta.
Apesar da tua falta de gosto, estavas perfeito.
Andavas com passos incertos entre a folhagem, no caminho de cascalho, como se todos os passos terrestres que te conduziam aos objectos reais da vida, como por exemplo a um restaurante, fossem indignos dos teus pés.
Tal como não é apropriado arranhar canções ligeiras nas cordas de um violino stradivarius, assim guardavas tu os pés, essas obras-primas, cujo único objectivo e significado só podia ser uma dança gravitacional.
A dissolução das leis da gravidade, o rompimento das limitações deploráveis do corpo.
Jantámos, bebemos vinho tinto e rimos muito.
Essa noite foi o momento de felicidade, inconsciência e vida.
Levaste-me a casa e despedi-me com um beijo leve na face.
Sempre observei todas as mulheres que traziam para a tua vida o encanto dos primeiros amores e tudo aquilo que o amor significa: o desejo, os ciúmes, a solidão desconcertada. (Tres danzas concertadas...)
Mas atrás das mulheres, das representações e do mundo, oscilaca um sentimento que era mais forte que todos os outros. Pouca gente conhece esse sentimento.
Chama-se amizade.
Ao recordar este encontro com um amigo lembro-me de me transformar em homem. Lembro-me de quando fui verdadeiramente amiga de alguém que precisava de mim.
E vejo-a aproximar-se novamente.
A amizade pura cavalga no dorso de uma Deusa.
E aproxima-se. Materializa-se. Vai chegando, devagarinho...



Post ao som de Pink Martini - Sympathique.
Que me fez voltar atrás no tempo!

Bom! Muito bom!




'
> Blogger Mary Mary said...

Nada como os amigos para o mundo estar em paz... :) São realmente a coisa mais importante porque nós os escolhemos e eles escolhem-nos a nós... E por isso somos todos únicos e especiais...

quarta-feira, novembro 30, 2005 4:47:00 da manhã  

Enviar um comentário