quarta-feira, janeiro 18, 2006

O risco


Sou uma sobrevivente. De uma família destroçada, de uma infância caótica, de uma quase esquizofrenia. Sou uma sobrevivente. De uma overdose, de uma morte trágica, de um parto precoce. Sou uma sobrevivente. De alguns fracassos amorosos, de muitos erros cometidos, de terríveis riscos corridos. Sou uma sobrevivente. Da dor, da angústia, do medo, e sobretudo da minha falsa coragem. Olho para o passado e penso: só os sobreviventes são felizes. Sabem do que escaparam. Sabem do que ainda poderão escapar...
Não seremos muitos?
Não seremos todos sobreviventes de nós próprios?
E continuamos a fugir. Corremos e escondemo-nos de nós, da vida, dos sorrisos e das desilusões.
Mil vezes sofrer e sentir a deixar-me simplesmente estar sem tudo o que me pode dar sensações, risco, emoção.
Hoje arrisquei e sinto que este tipo de risco não é propriamente um risco. A loucura não é o que parece.
O tempo pára e nem a vida cosmopolita me atrai. Principalmente essa. Por ser inventada, por não ser tão real quanto eu.
Ainda me sigo todas as noites. É por mim que eu arrisco, por uma pequena alteração da visão, um leve torpor.
Para descorir todos os
medos,
a apreensão,
a inquietação,
o aumento da frequência cardíaca ,
tonturas,
sudação...


Devia escrever isto em inglês, que é a língua em que penso por as palavras tocarem melhor o botão da sensibilidade. Devia escrever em inglês, ou em francês que fica sempre bem.
> Blogger MPR said...

Escreve em português que é a lingua em que todos sentimos...

quinta-feira, janeiro 19, 2006 9:55:00 da manhã  
> Blogger Mary Mary said...

Em francês não por favor que eu não percebo nada... Inglês é sempre uma hipótese. Mas a língua de Camões é a melhor sem dúvida... E através dela conseguimos exprimir coisas que nenhuma outra língua consegue fazê-lo. Tipo saudade... :)

sexta-feira, janeiro 20, 2006 4:49:00 da tarde  
> Blogger Ossos said...

Saudade? Isso dava um post, Mary Mary...

sexta-feira, janeiro 27, 2006 2:34:00 da manhã  

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