terça-feira, maio 02, 2006

ausência

...continuo a acordar todas as noites...




não há forma de o evitar...
a tua ausência incendeia-me os sentidos...
a tua falta provoca-me esta ânsia de te sentir presente...
sofro neste sofrimento sofrido de dor e solidão...
já não sei quem sou...também não interessa...lembras-te da última carta que te escrevi...sim, daquela em que acordei às 3 e 15 da manhã? Essa...sim, quando senti a tua falta e me acariciei como se fosses tu que o estivesses a fazer...ai, como sinto a tua falta!...Não, não sei que horas são...até o relógio me tiraram deste sepulcro...

olho pelas frinchas da janela e vejo luar...não sei a quantos estamos...mas isso tem importância? Que valor pode ter o dia em que me encontro se não te encontro em nenhum momento?
Desespero neste tormento de sentir a tua falta e não te sentir a presença...
Como poderia sentir se tudo o que sinto é dor? Todos os nossos momentos me passam pela memória e esta lembrança chora, chora como se fosse ela a minha própria alma e eu não existisse...
Aqui onde estou não me lembro do que sou, só me lembro de ti e de todos os momentos em que estive contigo e contigo vivi...Sim, agora não vivo, apenas recordo...Dizem que recordar é viver...ai, como pode ser viver se cada vez que me lembro, sinto que estou a morrer... um bocadinho...
as tuas mãos estão aqui no meu peito apertando-me os seios...a tua boca na minha boca e a humidade da tua língua na minha língua...
o teu doce beijo...
como quero tanto...oh que lágrimas tão amargas estas que caem a todo o momento...
olha, devem ser 4 da manhã...vem aí a enfermeira com a injecção do costume...
continuam a dizer que esta minha loucura não tem cura...eu sei que não tem, como poderia ter?
Como me posso curar da tua ausência?
Como posso viver nesta minha morte? Não sei, não sei. A enfermeira me aconchegou os cobertores...sabes, está frio e sinto frio dentro de mim...já não consigo falar...apenas olho o vazio...este vazio que me preenche...Mas não preciso de mais nada, basta-me a lembrança dos momentos que vivemos...basta-me esta dor que vive comigo...bastam-me estas lágrimas...
o meu pão de cada dia...o meu alimento neste vazio...
sinto os olhos pesados...sei que vou dormir mais um pouco mas estou feliz pois vou dormir contigo nos meus braços, nestes braços que não te sentindo te lembram, te tocam, te apertam contra mim...
lembras-te de quando adormecíamos assim? Como era bom acordar a meio da noite com os braços dormentes e sentir o calor do teu corpo abrasar o meu ser que de tanto te querer te perdeu...oh, como gosto de ti...
como sinto a tua ausência...
vou dormir...até mais logo...
...até outro dia, outra vida...
lembra-te de mim como me lembro de ti...
um resto de noite feliz...
> Blogger Coelho Bravo said...

profundo.
bem profundo...

terça-feira, maio 02, 2006 2:19:00 da tarde  

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